Marcelo Forlani*
Carlos (Murilo Benício) era apaixonado por Júlia (Carolina
Ferraz). Os dois combinam de ir ao cinema. Ela não vai e deixa o pobre rapaz
esperando... por quinze anos!!!
A partir deste ponto, a diretora Sandra Werneck (Pequeno
Dicionário Amoroso) mostra três possíveis destinos para o que poderia ter
acontecido. 1) Carlos se torna um respeitado advogado e é casado com Maria
(Beth Goulart); 2) Ele descobre que é gay e se separa de Júlia, trocando a
mulher e filho por um colega de futebol; 3) Sem achar o grande amor de sua
vida, ele continua vivendo com sua mãe (a impagável Irene Ravache) e vira um
mulherengo de marca maior.
A ideia não tem nada de inovadora. Recentemente, Gwyneth
Paltrow viveu situação (ou deveríamos dizer situações?) semelhante em De Caso
Com o Acaso (Sliding Doors). Se formos pensar pelo ponto de vista de que há
vários desfechos para um mesmo início, podemos dizer até que o alemão Corra
Lola, Corra é, digamos, "primo mais velho" do filme brasileiro.
Alternativas passadas nas HQs
O futuro alternativo é um recurso utilizado nos quadrinhos
há muito tempo. A DC Comics tinha o seu selo "Túnel do tempo". Em
contrapartida, a Marvel usava o Vigia (aquele do cabeção) nas histórias do tipo
"O que teria acontecido se..." (em inglês, apenas What if...). Ah,
não nos esqueçamos das hilárias "What the...", que contam histórias
maravilhosas avacalhando todo o Universo Marvel...
Mas assim como os quadrinhos, o cinema não vive só de idéias
novas, mas sim de como elas são executadas. Por isso, Amores Possíveis (romance de 2001) é um projeto que vale a pena
ser visto. Filmando as histórias uma-a-uma, a diretora não teve o problema de
ver seus atores se atrapalhando na hora de saber qual personagem deveria
interpretar. Carolina Ferraz, linda como sempre, mostra que é mais do que um
rosto bonito quando encena a esposa amargurada que foi trocada por outro homem.
E Murilo Benício dá um show. Principalmente nos papéis em que interpreta o
"gay" e o "molecão", este, com um jeito "carioca
ixpértu" que não tem como não comparar com o velho de guerra Evandro
Mesquita.
Crítica retirada do site Omelete
Nenhum comentário:
Postar um comentário