O dia 19 de Junho foi escolhido pela Ancine (Agencia Nacional do Cinema)
para comemorar o Dia do Cinema Brasileiro, isso porque, em 1889, foi nesta data
que o primeiro filme em movimento genuinamente brasileiro foi rodado. Seu
diretor foi o cinegrafista italiano Afonso Segreto, que registrou as primeiras
imagens do filme ao chegar da Europa a bordo do navio Brèsil. O filme era um
documentário chamado “Vista da baía de Guanabara” – o nome já revela seu
conteúdo. Desde então, os irmãos Segreto começaram a registrar os principais
acontecimentos do país, sendo os únicos produtores brasileiros até 1903.
A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro, no
dia 8 de julho de 1896. Com grande sucesso, um ano depois já existia uma sala
de cinema fixa no Rio, chamada “Salão de Novidades Paris”, de Paschoal Segreto.
Depois disso, a primeira companhia de cinema brasileira foi fundada, dia 29 de
janeiro de 1911, distribuindo salas de cinema por todo o país. Porém, isso
deixou muitos atores brasileiros desempregados, porque esta companhia também
reproduzia fitas do cinema estrangeiro como o americano, que na época se
destacava como o melhor do mundo. Com isso, o cinema nacional entrou em
decadência.
O primeiro estúdio de cinema só surgiria em 1930. Instalado no Rio, a
Cinédia levava ao público comédias musicais e dramas populares. Em 1941, surgiu
a Atlântida, filmando as inesquecíveis chanchadas (comédias muito populares, de
baixo custo), que marcaram época. “Não Adianta Chorar”, de Watson Macedo, e
“Nem Sansão Nem Dalila”, de Carlos Manga, fizeram enorme sucesso.
No fim da década de 1940, foi fundada a Vera Cruz, considerada na época
a “Hollywood brasileira”. O estúdio, que tinha à frente o italiano Franco
Zampari e o cineasta pernambucano Alberto Cavalcanti, tinha intenção de criar
filmes bem ao estilo hollywoodiano. “O Cangaceiro”, rodado em 1952 por Lima
Barreto, conseguiu entrar no circuto internacional – foi premiado no Festival
de Cannes -, começando uma fase de histórias sobre o cangaço. Com tal
repercussão, a obra foi levada para 80 países e vendido para a Columbia
Pictures. Apesar de todo esse sucesso, a Vera Cruz acabou falindo.
O fim do sonho dos grandes estúdios deixou o bastão da arte
cinematográfica brasileira nas mãos de diretores como Nélson Pereira dos
Santos, de “Rio 40 graus”, Anselmo Duarte, de “O Pagador de promessas” e Walter
Hugo Khouri, de “Noite Vazia”. O comediante Amácio Mazzaropi, uma das estrelas
da Vera Cruz, montou sua própria produtora em 1963, e com seu jeito único de
fazer graça, se tornou um fenômeno de bilheteria, influenciando toda uma
geração de humoristas ao criar tipos caipiras como Jeca Tatu. Nesse mesmo ano,
também se destacou a produção de Glauber Rocha “Deus e o Diabo na Terra do
Sol”, além de “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade.
Com o surgimento da Embrafilme, em 1969, o governo passou a financiar as
produções, além de distribuir as fitas. Em meados da década de 1970, Renato
Aragão iniciou uma carreira bem sucedida dos filmes estrelados por sua trupe,
protagonizando “O Trapalhão no Planalto dos Macacos”. Desta primeira fita até a
última, “Simão – O Fantasma Trapalhão”, rodada em 1998, Didi Mocó Sonrisal
Colesterol do Fumo detém o conjunto da maior bilheteria do cinema brasileiro.
Bruno Barreto também tem sua cota de bilheteria, ao alcançar 12 milhões
de espectadores (de 1976 a 1998), com “Dona Flor e seus Dois Maridos”.
Rico em produções, os anos 1980 trouxeram pérolas como “Marvada carne”,
de André Klotzel, “Eles não usam Black Tie”, de Leon Hirszman, ganhador do Leão
de Ouro em Veneza, em meio a outros filmes de repercussão internacional, como
“Memórias do cárcere”, de Nélson Pereira dos Santos, “Pixote – A Lei do Mais
Fraco” e “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco, “Parahyba Mulher
Macho”, de Tizuka Yamazaki e “Eu Sei Que vou te Amar”, de Arnaldo Jabor.
A década de 1990 começou mal. O cinema nacional enfrentou dificuldades
com os cortes do financiamento oficial e a extinção da Embrafilme. A situação
só começou a melhorar em 1993, quando foi criada a Lei do Audiovisual, que
promovia novos investimentos por parte do governo federal. Dois anos depois,
apareceram as primeiras produções de peso, como “Carlota Joaquina: Princesa do
Brasil”, de Carla Camurati – considerado um marco da retomada – que alcançou
1,2 milhão de espectadores.
Cinco anos depois, “Central do Brasil” de Walter Salles conquista as
bilheterias, chegando mesmo a receber um Urso de Ouro em Berlim. Fernanda
Montenegro, a protagonista, é indicada ao Oscar na categoria de Melhor Atriz.
Em 2002, o cinema brasileiro conquista de vez o mundo com “Cidade de Deus” de
Fernando Meirelles, recebendo 4 indicações ao Oscar e sendo considerado pela
revista Time um dos 100 melhores filmes da história.
Já em 2011, “Tropa de Elite 2″ de José Padilha, continuação do
longa de 2007, se torna a maior bilheteria nacional de todos os tempos,
ultrapassando a marca de 12 milhões de espectadores de “Dona Flor”. A comédia
“Se Eu Fosse Você” de Daniel Filho também é destaque, adaptada ao cinema
americano e ao francês, mostrando que o sétima arte nacional está em franca
expansão.
Atualmente, o cinema brasileiro é considerado um dos melhores do mundo,
mas ainda encontra dificuldades em se estabelecer como indústria. Apesar dos
tropeços, o país tem conseguido produzir filmes de qualidade em consonância com
seus diversos públicos. 19 de junho, portanto, é motivo para muita comemoração.
Dia de bater no peito e se orgulhar em ser brasileiro. Viva o Cinema Nacional!
Fonte: Getro.com.br
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